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Lançamento de cartilha possibilita o retorno das atividades campeiras

27/08/2020 às 21h58min

Na noite desta quarta-feira, 27, foi realizada a reunião que promoveu o lançamento da Cartilha que indica as normativas para volta das atividades campeiras de entidades tradicionalistas. O documento foi construído coletivamente com o auxílio de coordenadores das regiões tradicionalistas, do Vice-Presidente Campeiro do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Adriano Pacheco e do Secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, Covatti Filho. A Cartilha define que para realizações de eventos campeiros sejam seguidas algumas regras, como:


– Os eventos deverão ter um plano de contingência que levará em consideração as normativas da cartilha;

– Os municípios em que os eventos serão realizados devem estar em bandeira laranja ou amarela na rodada do distanciamento controlado;

– As prefeituras devem autorizar a realização dos eventos;

– As inscrições deverão ser feitas antecipadamente com prazos maiores;

– Os eventos deverão ser registrados na Inspeção Veterinária e na Coordenadoria da região;

– Deverão ser seguidas regras de segurança como: uso de máscaras, aferição de temperatura de todos os envolvidos, somente os laçadores inscritos poderão acampar no local, como também somente inscritos entrarão nos eventos.

– A participação de indivíduos menores de 12 anos e maiores de 60 anos não será permitida.


Clique aqui e confira o arquivo PDF da cartilha lançada nesta quarta-feira.


De acordo com a Coordenadora da 24ª Região Tradicionalista, Luce Carmen Mayer, o último evento de rodeio realizado na região foi no dia 19 de março deste ano. A Festa Campeira, um dos eventos com maior giro econômico e diversos trabalhadores envolvidos, que tem como única fonte de renda a participação nesses eventos, não pode ser realizada, portanto, foi a partir desse momento que alguns responsáveis juntamente com o Estado, se mobilizaram para ajudar essas pessoas que estavam passando por necessidades. O retorno gradual e consciente foi aceito contanto que os rodeios, que antes faziam parte da área cultural, fossem passados para a área esportiva, pois assim o plano de contingência permitiria essa volta, levando em conta também os 42 requisitos de segurança repassados pela Secretaria de Saúde do RS.


Luce ainda conta que a ânsia dos responsáveis pelas entidades em retornarem suas atividades sempre foi grande, mas a consciência de preservar vidas em primeiro lugar, foi maior. “Rodeios ainda terão muitos depois que tudo passar, todos sempre foram muitos responsáveis, mesmo alguns tendo a sua fonte de renda proveniente desses eventos”, enfatiza. Porém, mesmo com as medidas estabelecidas na cartilha, muitos patrões ainda estão com receios para retornarem com as atividades, e também, pelo motivo de não serem permitidas as visitas de pessoas externas, o lucro será nulo nesse momento de cuidados.


Já a área artística e cultural não tem previsão de retorno, há mais de um mês foi planejada uma cartilha também para esses movimentos, porém envolvem muitos cuidados que acabaram fazendo com que os responsáveis desistissem da ideia de retorno no momento. Pensando também, que o público integrante das invernadas artísticas e culturais são em sua maioria formados por crianças e adolescentes, o medo da aglomeração e o receio em retornar foi maior, portanto, Luce salienta que o retorno destas duas áreas provavelmente só irá ocorrer com a volta das aulas nas escolas de todo estado. O que vem acontecendo no momento para que as invernadas artísticas e culturais não fiquem paralisadas, são atividades on-line, como declamações e o estudo teórico das danças e toda a história do movimento.


Estamos lutando por essa volta das atividades, pensando nas famílias em que o emprego depende desses eventos, queremos um retorno gradual e consciente

Luce Carmen Mayer – Coordenadora da 24ª RT


A motivação pela construção dessa cartilha que permite o retorno, busca amenizar os muitos prejuízos já sofridos pelas entidades da região. Em conversa com o patrão do CTG Erva Mate, Marcos Cézar Roessler, a entidade foi a primeira a ser prejudicada com a parada total das atividades. Com um rodeio que estava programado para o dia 21 de março deste ano, poucos dias após o fechamento do Parque Municipal do Chimarrão e a interrupção de qualquer atividade, o evento foi cancelado depois de inúmeros investimentos que acabaram não trazendo o lucro esperado de 15 a 20 mil reais para o CTG. Conta o patrão que o foco principal da entidade agora é no próximo ano, pois neste não há expectativas de volta das atividades artísticas, culturais e campeiras do Erva Mate. “Esperamos que até março do ano que vem tudo esteja normalizado para podermos realizar nosso evento anual, mas, caso outras entidades realizem eventos ainda neste ano, a invernada campeira poderá se fazer presente e prestigiar, tomando todos os cuidados necessários”, enfatiza Roessler.


Hoje, o patrão conta que o CTG se mantém com o valor pago pelas anuidades, sendo que recentemente, antes da parada fora iniciada uma reforma no galpão da entidade, que só pôde ser finalizada com autorização para que os trabalhadores pudessem adentrar ao parque. Assim que o retorno de todos os departamentos for feito, acredita-se que os caixas financeiros tenham que recomeçar do zero.


Créditos das fotos: Willian de Oliveira - Portal Guia Venâncio

Créditos dos textos: Luana Schweikart - Portal Guia Venâncio

Fonte: Portal Guia Venâncio

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