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Estudo mostra abrangência dos suicídios no Estado

10/09/2020 às 15h16min

Um estudo da pesquisadora Maria Cristina Franck, perita criminal do Departamento de Perícias Laboratoriais do Estado mapeou os casos de suicídio registrados no Rio Grande do Sul entre 2017 e 2019. Os casos foram catalogados quanto à idade, gênero, raça, horário, região, dia da semana, entre outras variáveis. Os dados são do IGP e da Secretaria de Segurança Pública.

Foram analisados 4.017 casos, o que resulta em uma taxa de 11,8 suicídios a cada 100 mil habitantes/ano. A maioria, do sexo masculino (79,8%) e da raça branca (90,5%). A idade das vítimas variou de 7 a 101 anos, sendo de 55 a 59 a faixa etária mais freqüente entre o sexo masculino e de 45 a 54 anos, entre o feminino. Os idosos, com 60 anos ou mais, são o grupo que apresenta a maior taxa de suicídios: 26,2 por 100 mil habitantes/ano.

A depressão é a causa atribuída com mais freqüência (26% das ocorrências policiais) seguida por problemas de relacionamento (7,2%) e de saúde (6%). A ausência parental – falta de registro do nome do pai na certidão de nascimento foi observada em 6% dos casos e mostrou-se frequentemente associada às vítimas jovens (15-29 anos).

As regiões que apresentaram as taxas mais elevadas foram Vale do Rio Pardo e Médio Alto Uruguai, com médias de 21,6 e 19,5 casos/100 mil habitantes, respectivamente. O município de Venâncio Aires apresenta a maior taxa do Estado: 99,2 casos por 100 mil habitantes/ ano.

HISTÓRICO POLICIAL

O estudo também levou em conta se o cidadão tinha antecedentes criminais, ou seja, se constava como indiciado, acusado, autor, infrator, suspeito ou foragido nos registros policiais. Isso foi observado em 40,7% dos casos. Dentre as vítimas com antecedentes criminais, observou-se um aumento de 2,7 vezes na chance de haver ausência parental comparando-se à presença de ambos os genitores na certidão de nascimento.

Os resultados foram publicados nas revistas científicas Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethic e Epidemiologia e Serviços de Saúde e fazem parte da tese de Doutorado (UFRGS) que está sendo elaborada pela autora. “O trabalho pericial pode auxiliar os serviços de saúde na compreensão e enfrentamento desse fenômeno com dados locais, atuais e importante correlações. A análise epidemiológica pode ser o ponto de partida para vários outros estudos. Esses dados podem subsidiar a elaboração de políticas públicas e a atuação dos órgãos de saúde e assistência social”, afirma Maria Cristina. O próximo passo é a publicação do estudo toxicológico abrangendo todos os casos de 2017 a 2019, com base nos Laudos que analisam a presença de álcool, drogas ilícitas e medicamentos na urina e no sangue dos indivíduos.

Atendimentos e prevenção- além da pesquisa, o IGP também atua na prevenção dos casos de suicídio. Um deles é o atendimento psicossocial, realizado na sede do Departamento Médico-Legal, em Porto Alegre. Uma equipe formada por assistentes sociais e psicólogos atende os que passam por perícia na clínica médica do DML. “Quando detectamos essa tendência fazemos o acolhimento e damos orientações, pensando junto com a vítima as melhores possibilidades para cada caso”, explica Angelita Rios, coordenadora do Serviço de Atenção Psicossocial. Elas são encaminhadas para a rede de proteção, formada pelos órgãos que dão suporte à luta contra a violência: clínicas de atendimento psicoterápico, postos de saúde, ONGs ou atendimento clínico em Universidades.

Outra contribuição do IGP na formulação de políticas públicas que previnam o suicídio foi a participação em uma cartilha (Dados sobre local de crime ajudam a prevenir suicídios) destinada aos profissionais de saúde e segurança pública que lidam com o tema. Entre as dicas estão agir com segurança e cautela, criar clima de confiança com a pessoa em crise e procurar ganhar tempo.


Créditos das fotos: Divulgação - Organização das Nações Unidas

Créditos dos textos: Rádio Terra FM

Fonte: Rádio Terra FM

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