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Violência doméstica e golpes representam 80% dos registros na DP de Venâncio
18/07/2020 às 14h51minDe cada dez pessoas que entram no prédio da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Venâncio Aires para comunicar um fato, quatro foram vítimas de estelionato e outras quatro estão envolvidas em violência doméstica. A constatação é do delegado Vinícius Lourenço de Assunção, baseado nos registros que chegam até as suas mãos neste período de pandemia. Os outros 20% de ocorrências se dividem entre furtos, ameaças, perdas de documentos e fatos de menor potencial ofensivo.
Situações como a registrada na noite da quarta-feira, 15, em Linha Arroio Grande, são exemplos de casos de violência doméstica grave. Depois de um casamento de mais de 30 anos, o casal se separou (a mulher ficou na casa e o homem foi morar com os pais) e conforme a denúncia, o homem tentou matar a mulher com um tiro. “Mas acredito que ainda há muitas vítimas, principalmente no interior, que sofrem caladas”, observou o delegado Vinícius.
Conforme ele, o desentendimento entre a mulher, que tem 51 anos, e o homem, de 54 anos, tomou proporções maiores há pouco mais de uma semana. A mulher disse que o ex-marido a ameaçou de morte, mencionando que iria colocá-la dentro de um carro e jogá-la embaixo de uma ponte. “A mulher esteve na Delegacia, registrou a ameaça, mas não quis representar criminalmente e nem solicitou as medidas protetivas da Lei Maria da Penha”, explicou o delegado.
Na quarta-feira pela manhã, a mulher levou o filho até a casa dos ex-sogros e por volta das 19h, foi buscá-lo. “Ela foi de carro, mas levou sua mãe junto”, lembrou o delegado. Ao chegar perto da propriedade, a mulher disse que viu seu ex-marido. Ela declarou que ele se aproximou do veículo, tentou abrir a porta e chegou a colocar uma arma de caça perto da cabeça dela.
Na sequência, revelou o delegado, a mulher fez uma manobra e começava a fugir, quando o homem deu um tiro com a espingarda, atingindo o pára-brisa traseiro do carro. Os chumbos acertaram o ombro da mulher que, mesmo ferida, dirigiu até a casa de parentes, onde foi socorrida. Ela foi encaminhada ao Hospital São Sebastião Mártir, onde foi medicada. Depois, já se recuperando dos ferimentos, foi até a DPPA, denunciou a tentativa de feminicídio e solicitou as medidas protetivas.
Na quinta-feira, 16, o delegado Vinícius representou pela prisão preventiva do acusado do crime e aguarda pelo Judiciário. “E também queremos encontrar a arma usada”, disse. A mulher passa bem.
Golpe do nudez
O aumento da incidência de crimes pela internet durante o período da pandemia é muito significativo. Segundo o titular da DPPA, os crimes de fraudes e estelionatos têm liderado os registros nas Delegacias de Polícia, juntamente com os crimes de violência doméstica.
Dentre os golpes mais aplicados à distância estão àqueles que envolvem a troca de imagens sexuais das vítimas, seguidas de pedidos de dinheiro, o denominado ‘golpe do nudez’. Depois de um primeiro contato, geralmente pelo Facebook, o golpista, que se passa por uma jovem atraente, sugere a troca de fotos íntimas. A vítima aceita e envia fotos suas nuas e a partir deste momento começa a ser ameaçado pela mesma pessoa, que agora se passa pelo pai da jovem.
Conforme o delegado Vinícius, há muitas pessoas que depositam dinheiro nas contas dos golpistas para não se incomodar. “Eles (vítimas) nunca conversaram com a mulher que aparece nas fotos, mas acabam enviando dinheiro aos estelionatários, para evitar que as fotos sejam publicadas ou estraguem o seu casamento, por exemplo”.
O titular da DPPA salienta que é visível o aumento dos golpes praticados à distância e observa que as pessoas que andam na contramão da Lei deixaram de praticar determinados crimes e migraram para os estelionatos. “É mais fácil, lucrativo e não é perigoso”, observa.
Outro golpe em alta é a clonagem de whatsapp, onde a vítima facilita a vida do estelionatário, através das informações repassadas. “Sem notar, as pessoas fornecem o número de verificação, que permite a instalação da conta no aplicativo em outro dispositivo, ficando o usuário ‘fora do ar’ enquanto o golpista solicita dinheiro para os contatos da vítima, passando-se por ela”.
As dicas para não cair em armadilhas pela internet, ressalta o delegado, são simples. “Evite contato com pessoas desconhecidas, não troque mensagens de conteúdo sexual pela internet e não forneça informações de números de verificação/senhas para terceiros, mesmo que se identifiquem”, orienta.
Créditos das fotos: Divulgação - Polícia Civil
Créditos dos textos: Alvaro Pegoraro - Jornal Folha do Mate
Fonte: Jornal Folha do Mate
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