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Médica Sandra Knudsen relata os desafios vivenciados por quem está na linha de frente contra a Covid
19/10/2020 às 09h11minA propagação do coronavírus, em março de 2020, impactou diretamente a equipe de profissionais que atua na linha de frente do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Uma situação atípica para a infectologista Sandra Inês Knudsen, única especialista da área em Venâncio Aires. A profissional, que já havia convivido na década de 80 com o surgimento do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e com a H1N1, teve que assimilar a chegada de uma nova doença: a Covid-19.
“Estávamos muito apavorados porque não tínhamos ideia de como as coisas iam acontecer. A notícia foi muito impactante. Além do medo de perder as pessoas em decorrência da doença, também ficamos preocupados com a possibilidade de falta de leitos hospitalares e respiradores”, conta a médica, salientando que a pandemia do coronavírus está sendo um dos maiores desafios durante os 25 anos de profissão.
De março a abril, a equipe de profissionais se dedicou ao planejamento e organização do sistema de saúde, de modo que os pacientes tivessem todo o suporte necessário durante as diferentes fases da doença. Ela observa que o período de julho a agosto foi o momento mais crítico, com maior número de internações e registro do primeiro óbito no município.
Segundo a profissional, apesar da insegurança na tomada de decisões, a rede municipal de saúde sempre esteve muito engajada na organização do sistema. “Desde o início sempre estive muito envolvida, virei ‘a médica da Covid-19’ e tive que mudar a minha rotina para que pudesse estar disponível para atender os pacientes com problemas respiratórios. Mas, em nenhum momento, me senti sozinha”, destacando o apoio em conjunto da equipe de profissionais da área da saúde.
Sensibilidade e empatia
Pelos corredores do hospital, as incertezas em relação ao tratamento da doença e o medo de ser infectado não interferiram na dedicação dos médicos, que perderam horas de sono em busca de soluções. “Tudo funcionou como uma engrenagem, que vai desde as orientações ao atendimento dos casos mais graves. Além do medo de contrair a doença, as pessoas também estavam preocupadas com a possibilidade de transmitir aos mais suscetíveis”, recorda a infectologista, que circula por todos os setores e está ligada ao Gabinete de Crise em Saúde do Município.
Durante este período de muita tensão, vários momentos deixaram marcas na vida dos profissionais de saúde, que estavam a todo o momento ligados às vítimas, no monitoramento da doença.
De acordo com a infectologista, acompanhar a saída dos pacientes da ventilação mecânica e, posteriormente, da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) está entre os momentos mais especiais para a equipe que atua na linha de frente.
A recuperação dos pacientes e a sensação de dever cumprido
A pressão psicológica também atingiu em cheio os profissionais, que tinham a responsabilidade de salvar vidas e precisaram manter a serenidade para filtrar o que acontecia naquele momento. Sandra menciona um caso de um paciente que precisava ser entubado (colocado em ventilação mecânica) mas que não queria aceitar a situação.
“Ele estava relutante e sabia de todos os riscos que correria. Mesmo assim, mudou de ideia e disse que confiava em mim e deixaria a vida dele em minhas mãos”, recorda, emocionada. A médica acompanhou todo o processo até a saída do paciente do hospital.
Apesar dos desafios, ela observa que a pandemia do coronavírus trouxe amadurecimento pessoal e profissional. “Tive que conviver com a ausência física dos meus familiares, mas a pandemia me trouxe mais segurança profissional, na tomada de decisões”, avalia.
Créditos das fotos: Taiane Kussler - Jornal Folha do Mate
Créditos dos textos: Taiane Kussler - Jornal Folha do Mate
Fonte: Jornal Folha do Mate
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