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Com casos menos urgentes na UPA, caem atendimentos no PA do hospital

01/11/2020 às 19h32min

Neste domingo, 1º, completa um ano da mudança que buscava aliviar o fluxo no Pronto Atendimento (PA) do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Desde novembro de 2019, o local passou a atender, prioritariamente, casos de urgência e emergência e os classificados com as cores azul e verde (sem gravidade, conforme o Protocolo de Manchester) deveriam ser atendidos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cruzeiro.


De acordo com os números do HSSM, a queda observada entre novembro de 2019 e outubro de 2020 chegou a 43% em relação ao mesmo período anterior (veja box). No entanto, essa comparação ‘fria’ dos números mês a mês pode levar um ‘asterisco’ considerável nos relatórios.


A ressalva precisa ser contabilizada desde março, quando os serviços de saúde foram impactados por uma demanda que ninguém sabe o prazo de validade: a pandemia do coronavírus. “A pandemia acabou ‘mascarando’ os números, porque muitas pessoas que procurariam o hospital optaram por consultórios ou se automedicaram”, considerou o presidente do HSSM, Luciano Spies.


Na comparação simples, o número de atendimentos caiu mais de 50% na comparação mensal, de março até agora, em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, como a pandemia precisa ser levada em conta, a ‘gangorra’ não subiu naturalmente no lado da UPA. O que houve foi uma movimentação diferente.


“O número diminuiu, mas a complexidade dos atendimentos aumentou bastante, onde tivemos que mudar nossa estrutura de atendimentos, separando pacientes com queixas respiratórias, demandando muito mais das equipes e médicos da unidade”, explicou o superintendente administrativo da UPA, Rodrigo da Silva.


Pré-pandemia

Nos relatórios de atendimentos, quatro meses do total de 12 são passíveis de uma comparação simples – novembro de 2019 a fevereiro de 2020, quando a pandemia ainda não estava instalada.


Considerando apenas este período, o fluxo de atendimentos no PA do HSSM caiu 26% em relação ao mesmo intervalo entre o fim de 2018 e início de 2019. A queda foi de 12.663 para 9.324 atendimentos de urgência e emergência.


Paralelo a isso, a UPA registrou um aumento de 14,5% depois das mudanças no fluxo do PA. No entanto, conforme o superintendente administrativo da unidade, Rodrigo da Silva, esses meses também têm uma particularidade. “Vale ressaltar que o período de maior número de atendimentos, historicamente, ocorre de março a agosto e setembro. Infelizmente, em virtude da pandemia, não foi possível, de fato, mensurar e avaliar neste período de maior fluxo.”


Na média histórica, novembro é o segundo mês ‘mais fraco’ nos corredores e salas da UPA. Só fica atrás de fevereiro, que tem 28 dias e abrange um período de férias e verão. Entre novembro de 2019 e outubro de 2020 foram 46.840 atendimentos na UPA.


Atendimentos PA HSSM

  • Novembro 2018: 3.211
  • Novembro 2019: 2.339
  • Dezembro 2018: 3.169
  • Dezembro 2019: 2.441
  • Janeiro 2019: 3.327
  • Janeiro 2020: 2.238
  • Fevereiro 2019: 2.956
  • Fevereiro 2020: 2.306
  • Março 2019: 3.529
  • Março 2020: 2.219
  • Abril 2019: 3.435
  • Abril 2020: 1.413
  • Maio 2019: 3.549
  • Maio 2020: 1.461
  • Junho 2019: 3.485
  • Junho 2020: 1.560
  • Julho 2019: 3.467
  • Julho 2020: 1.611
  • Agosto 2019: 3.469
  • Agosto 2020: 1.711
  • Setembro 2019: 3.403
  • Setembro 2020: 1.647
  • Outubro 2019: 3.305
  • Outubro 2020: 1.766


“Essa medida veio para ficar”, diz presidente do HSSM

Ainda que a pandemia seja colocada na balança e considerando o comparativo apenas dos primeiros meses – 26% -, o presidente do hospital, Luciano Spies, esperava por uma queda maior no fluxo. “Esperávamos por uma redução maior, porque antes da mudança, as classificações de casos verdes e azuis [menos graves] já representavam mais de 50% dos atendimentos do PA.”


Mesmo assim, Spies disse que a alteração contribuiu para a melhora no atendimento e na redução de custos. “Essa medida veio para ficar. Não houve prejuízo no atendimento e as equipes conseguiram se concentrar no que era mais grave. E tem a questão financeira que, com um plantonista a menos, gerou uma economia de R$ 40 mil por mês.”


O presidente do HSSM lembrou ainda que, antes da alteração, a UPA não vinha atendendo a média estabelecida pelo Governo Federal – 4,5 mil mensais – e isso poderia acarretar em descredenciamento de serviços e cortes de repasses.


Conscientização

Luciano Spies destacou que ainda é necessária uma conscientização maior da população, já que seguem aparecendo muitos casos ‘azuis’ ou ‘verdes’ no PA. “A procura de quem tem uma situação menos grave ainda é alta. Claro que o atendimento não será negado, mas é importante que o hospital só seja procurado para o que realmente é grave. Os demais terão toda estrutura na UPA.”


Relembre

A reestruturação do atendimento de pacientes SUS no Pronto Atendimento do HSSM e da UPA foi uma das estratégias de otimização da gestão e redução de custos, encabeçada pela Comissão de Apoio à Gestão Administrativa, Financeira e Operacional do hospital.


Créditos das fotos: Alvaro Pegoraro - Jornal Folha do Mate

Créditos dos textos: Débora Kist - Jornal Folha do Mate

Fonte: Jornal Folha do Mate

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