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Do atendimento em casa à chegada dos antibióticos: lembranças do primeiro pediatra de Venâncio
19/10/2020 às 09h15minO pediatra aposentado Flávio Luiz Seibt, 73 anos, começou atuar em Venâncio Aires em 1974, depois de ser formar na primeira turma de medicina na Universidade Federal de Rio Grande (Furg) e fazer residência na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
No início da carreira do médico, o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) era menor, não havia plantão e tinha apenas seis médicos atendendo, com enfermagem precária e auxílio de freiras. Ele foi o primeiro especialista com residência, após a faculdade. Seibt vivenciou diversos momentos da evolução da medicina e também foi um dos fundadores da Associação Médica de Venâncio Aires (Amva), em 1990.
Seibt lembra que, na época que voltou para a cidade natal, os profissionais atendiam todas as áreas. “Eram obstetras, pediatras, clínicos, cirurgiões e traumatologistas, tudo ao mesmo tempo. Não havia um preparo específico da área”, conta. Outra questão que chamava muita atenção era a falta dos equipamentos. “Tinha apenas um raio-X e um pequeno laboratório bem precário. O exame era feito por um técnico que não tinha muito conhecimento do procedimento”, cita.
Como não havia plantão no HSSM, quando Seibt começou a atender, na década 70, tinha um consultório em casa, a exemplo de outros profissionais. Na época, morava na Osvaldo Aranha e atendia em uma sala do primeiro andar. “Era o único jeito de atender pela noite, porque se não o povo ficava sem consulta”, recorda.
Posteriormente, em meados da década de 80, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de Santa Cruz do Sul, que atendia Venâncio Aires, autorizou o plantão no hospital. “Foi uma luta para conseguir, mas depois que deu certo foi muito bom. Mas não era 24 horas, funcionava somente pela noite e em sábados e domingos”, recorda.
Com o passar do tempo, algumas mudanças foram acontecendo e entre os momentos que marcaram a evolução médica na Capital Nacional do Chimarrão, Seibt destaca a introdução do uso de antibióticos. “Quem não tinha especialização ou já atuava há mais tempo, não estava atualizado com o uso do medicamento, porque existe dose certa e modo de aplicar para cada tipo. Então fomos evoluindo juntos.”
O pediatra aposentado ressalta que os cuidados básicos com as crianças também mudaram. O médico lembra que, em uma época, o famoso ‘sapinho’ dava em muitas crianças, porque as mães limpavam os bicos na própria boca e depois passava para os bebês. “Deixar de usar a faixa de umbigo foi outra mudança positiva. Ela era amarrada em volta da criança sem necessidade. Hoje a população já se reeducou sobre essas manias antigas, como as benzeduras”, frisa Seibt.
Segundo o médico, outro avanço das últimas décadas, além da tecnologia em aparelhos, é a quantidade de medicação oferecida. “Tinha épocas em que as pessoas não procuravam ajuda logo, iam primeiro benzer e só quando pioravam vinham ao hospital e, como não tínhamos muitos recursos e poucos tipos de medicamentos, muitas vezes já era tarde para salvar as pessoas. Por isso, havia maior mortalidade infantil”, explica o pediatra aposentado.
União da categoria
Para que os profissionais de saúde conseguissem discutir as novas mudanças, a introdução desses novos medicamentos, aparelhos, pensamentos de prevenção e métodos, médicos que atuavam no município em 1990 decidiram criar a Associação Médica de Venâncio Aires.
Seibt comenta que, além de incentivar o estudo da medicina, a entidade também auxiliou na evolução da saúde do município de forma geral, como na ajuda de compra de aparelhos para o HSSM. “Queríamos todos evoluir juntos, estudar cientificamente e trazer mais qualidade na medicina praticada no município. Além dos estudos, fizemos algumas campanhas e ajudamos o hospital em alguns momentos necessários”, frisa o médico.
FLÁVIO LUIZ SEIBT – Pediatra aposentado
“Queríamos todos evoluir juntos, estudar cientificamente e trazer mais qualidade na medicina praticada no município. Por isso, fundamos a Associação Médica.”
Consultório
O médico aposentado Flávio Seibt lembra que, quando foi construído o Centro Clínico da Unimed, em frente ao hospital, os médicos começaram migrar de suas casas para um consultório no local. “Nesta época, o plantão já estava mais organizado, então não era necessário estar atendendo em casa pela noite e podíamos mudar”, comenta o pediatra. Nesse momento de transição, ele também foi o primeiro médico do município a ter uma secretária e sistema de fichário para pacientes.
Créditos das fotos: Eduarda Wenzel - Jornal Folha do Mate
Créditos dos textos: Eduarda Wenzel - Jornal Folha do Mate
Fonte: Jornal Folha do Mate
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