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Importunação sexual é crime e dá cadeia

06/07/2020 às 09h45min

Esta semana, as autoridades foram alertadas sobre uma situação que não surgiu agora. Mulheres denunciaram aos órgãos de segurança pública e foram às redes sociais pedir socorro contra importunações sexuais praticadas em plena luz do dia, nas ruas centrais de Venâncio Aires. Elas estavam fazendo caminhadas quando passaram a ser seguidas, filmadas, fotografadas e vítimas de outros constrangimentos. A importunação sexual é crime e pode dar de um a cinco anos de cadeia.


Uma das mulheres que decidiu expor o caso nas redes sociais é Thalita da Silveira. A criadora de conteúdo no Instagram (@lifestylethalita), de 35 anos, disse que sua última ‘experiência’ foi no dia 22 de junho. “Voltava de uma caminhada no Acesso Leopoldina e após passar pela 15 de Novembro e entrar na rua Emílio Selbach, percebi que tinha um homem de bicicleta me olhando. Por isso, atravessei a rua e comecei a andar mais rápido, próximo às guaritas de segurança da Alliance One e caminhei até chegar em casa”, descreveu.


Thalita, que até conversou com o prefeito Giovane Wickert sobre o assunto e recebeu muitas mensagens de apoio e relatos de outras vítimas em sua página do Instagram, recorda que já foi vítima de outros constrangimentos. O primeiro, relacionado a um abuso, recorda que foi durante a Copa do Mundo de 2018.


Segundo ela, era um domingo, por volta das 16h30min, e ela seguia pela rua Osvaldo Aranha, em direção ao Parque do Chimarrão, para fazer uma caminhada. “Quando estava em frente ao prédio da Afubra – e em meio ao movimento dos carros que desciam naquele momento -, um homem aparentemente jovem, loiro e de óculos, passou por mim e ao cruzar, quando já estava de costas, passou a mão na minha bunda”.


Não bastasse o assédio, Thalita ainda foi ameaçada. “Virei indignada, tentando revidar, mas ele me ameaçou com uma ‘vuvuzela’ e em questão de segundos, me senti a pessoa mais impotente do mundo”, descreveu.


“Continuei caminhando e ao chegar em casa, recebi uma mensagem de uma seguidora. Ela disse que acompanhou meu trajeto e que aquele homem estava me seguindo desde a rua 15 de Novembro. Felizmente nada aconteceu, mas hoje me sinto insegura ao andar na rua”.

THALITA DA SILVEIRA – Criadora de conteúdo


Constrangimentos

Solidária às denúncias feitas por outras mulheres que já foram vítimas de importunação sexual, Ana Luíza da Silva, 19 anos, também aceitou contar a sua história nas páginas da Folha do Mate. Sua intenção, destaca, é mostrar que as mulheres não são um objeto, como muitos homens imaginam. “Sinto muita irritação e constrangimento quando isso acontece”, resume.


Assessora parlamentar do vereador Ezequiel Sthal, Ana Luíza é adepta às práticas esportivas. Frequenta academia e sempre que pode, pratica outros esportes, como futsal e caminhadas. Em relação à importunação, resume: “As situações mais frequentes são durante as caminhadas, mas também acontecem em ambientes fechados”, cita.


Sempre preocupada com sua segurança, Ana Luíza vai na academia e faz suas caminhadas durante o dia. Mesmo morando na área central, já sofreu com assédios praticados na rua Osvaldo Aranha. “Há homens que nos vêem como um objeto. Eles se acham superiores e imaginam que podem dizer o que querem. Isso é muito constrangedor”.


Ela ressalta que decidiu não fazer mais caminhadas sozinhas, mas mesmo assim os assédios continuam. “Dias atrás eu e uma amiga estávamos caminhando pelo acesso (Leopoldina) quando dois homens, em uma caminhonete preta, começaram a dizer bobagens. Minha amiga reclamou e foi xingada. É muita falta de respeito”.


Nesta situação e em outra, onde os ‘tarados’ estavam em veículos (as características foram repassadas às autoridades), ela ficou nervosa e não conseguiu gravar as letras e números das placas. Mas agora, garante que será a primeira coisa a fazer. “Alertei minhas amigas para prestarem atenção nas características das pessoas e gravem a placa dos veículos, para que possamos denunciá-los”.


“Eram cerca de 11 horas e estava voltando de uma caminhada, quando notei que havia um veículo me seguindo. No começo não dei importância, mas quando olhei, vi uma pessoa com um celular, me filmando ou tirando fotos. Fiquei tão nervosa que nem lembrei de pegar o número da placa para denunciá-lo. Só queria sair de lá.”

ANA LUIZA DA SILVA – Assessora parlamentar


Ficar atentas

A capitão Michele da Silva Vargas disse que ficou sabendo das importunações pelas redes sociais e ressalta que foi procurada por um vereador, que falou sobre situações que chegaram ao conhecimento dele. Preocupada, a comandante da 3ª Companhia pede que as mulheres fiquem atentas e denunciem, pois só assim será possível uma rápida e pronta ação dos órgão policiais.


Em primeiro lugar, orienta a oficial, os casos devem ser comunicados à Brigada Militar e Polícia Civil. “Peço que as mulheres que sofreram esse tipo de problema, no momento ou logo após, liguem para nós e nos repassem informações do suspeito, como altura, cor da roupa, do cabelo e o local onde aconteceu, pois assim teremos condições de fazer buscas e abordar o suspeito”.


A capitão Michele destaca que é preciso trabalhar na prevenção, mas, para isso, é essencial que as vítimas fiquem, atentas e repassem informações. “Só assim teremos um resultado efetivo e conseguiremos terminar com esses problemas”.


“Importante que essas mulheres solicitem a presença da polícia no momento ou assim que puderem, para que possamos identificar os suspeitos, bem como façam registro dos fatos descrevendo as características deste importunador.”

MICHELE DA SILVA VARGAS – Cap. comandante da 3ª Companhia

Créditos das fotos: Alvaro Pegoraro - Jornal Folha do Mate

Créditos dos textos: Alvaro Pegoraro - Jornal Folha do Mate

Fonte: Jornal Folha do Mate

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