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Venâncio Aires tem potencial para novas agroindústrias familiares de embutidos

08/05/2021 às 10h59min

Com potencial para expandir a produção de embutidos através de agroindústrias familiares, Venâncio Aires só possui um empreendimento que trabalha neste setor. Ao total, são 29 agroindústrias familiares ligadas ao Programa Estadual de Agroindústria Familiar (PEAF) e acompanhadas pela Emater/Ascar na Capital Nacional do Chimarrão.


Apesar de nos últimos anos o município ter registrado algumas perdas com o fechamento de empreendimentos familiares que trabalhavam com produtos de origem animal, o chefe do escritório local da Emater/Ascar, engenheiro agrônomo Vicente Fin, acredita que há espaço para novas agroindústrias familiares no município.


Entre as dificuldades destacadas pelo profissional e o motivo do fechamento dos empreendimentos, está a adaptação das agroindústrias familiares às exigências sanitárias e também às questões financeiras. “A cobrança fez bem para quem ficou e melhorou muito sua produção. Mas em compensação, muitos desistiram. Tivemos os dois lados da moeda. Mas o que vejo de pior, é que ninguém mais quis iniciar uma agroindústria”, lamenta.


Liderada por Ademir da Silva, a agroindústria Embutidos de Tangerinas, atua há quase 13 anos no setor. O único empreendimento familiar de embutidos que permaneceu ativo está localizado em Linha Tangerinas, na propriedade da família.


Motivado a continuar pela família, que trabalha junto na produção, Silva sente orgulho do que faz. “Não somos os únicos que vendemos embutidos, mas somos os únicos que temos a fábrica adequada e registrada como agroindústria de embutidos”, comemora.


Os produtos são comercializados em alguns estabelecimentos do município através do Selo Sabor Gaúcho e também nas feiras realizadas pela Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova).


Para expandir as vendas, o objetivo é conquistar a autorização para comercializar fora da fronteira venâncio-airense, através do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (SUSAF). “Nós estamos quase com SUSAF, na qual podemos e queremos vender para outros municípios”, almeja.


INSPEÇÃO MUNICIPAL

O Serviço de Inspeção Municipal (SIM), relacionado à Secretaria de Desenvolvimento Rural, é responsável pela inspeção e fiscalização da produção industrial e sanitária dos produtos de origem animal.


O coordenador do SIM e médico veterinário, Daniel Terra Leite, explica que a questão financeira e a gestão do empreendimento estão entre as maiores dificuldades. Ao longo do desenvolvimento das agroindústrias familiares, é necessário aderir e manter todas as exigências solicitadas pelo o Decreto nº 5.760, que regulamenta a Lei n.º 1748, sobre a inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal, o que requer investimentos e organização financeira por meio dos empreendedores familiares.


Leite complementa que a implantação de boas práticas de fabricação também é um dos desafios enfrentados, mas não pelo seu grau de dificuldade, e sim porque muitas vezes existe a resistência dos responsáveis.


“Toda norma técnica foi feita para facilitar o trabalho dessas pessoas. Elas vieram para padronizar a produção e defender os interesses dos consumidores”, destaca o médico veterinário que atua há mais de 10 anos na área.


PANDEMIA

Assim como tantos outros setores, as agroindústrias familiares de Venâncio Aires também foram afetadas pelas medidas de distanciamento por conta da pandemia de Covid-19. Com os eventos e feiras de exposições cancelados,os principais pontos de vendas dos empreendimentos familiares, o momento foi de instabilidade.


Silva relata que as vendas nos mercados tiveram uma redução, mas a falta das férias de exposições lhe afetaram de forma direta. “Durante a pandemia, tivemos altos e baixos. As vendas baixaram. Nos mercados não sentimos tanto, mas no cancelamento dos eventos, como as feiras, sim, pois já são dois anos sem participar de nenhum”, lamenta.


Da mesma forma que Silva, outras agroindústrias foram afetadas com o cancelamento dos eventos. O chefe da Emater/Ascar conta que as que mais sofreram foram aquelas que trabalhavam com panificados e bolachas. Já as ligadas ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que foi paralisado por conta da pandemia, e ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que continuou mas com menor ênfase, também tiveram dificuldades.


“Muitas agroindústrias já tinham vendas certas para esses programas. Já a participação nas feiras e festas comunitárias gerava uma demanda grande, e o pessoal trabalhava por um bom período produzindo. Por conta disso, elas foram muito afetadas pela paralisação”, analisa Fin.


Créditos das fotos: Bruna Gomes Stahl - Jornal Olá

Créditos dos textos: Bruna Gomes Stahl - Jornal Olá

Fonte: Bruna Gomes Stahl - Jornal Olá

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